Histórico da fazenda Campo Alegre

A sesmaria de Campo Alegre foi concedida em 23 de dezembro de 1806 ao Alferes Alexandre Manoel de Lemos. Poucos anos depois, essas terras foram passadas a Joaquim José dos Santos, proprietário da fazenda Chacrinha e produtor de cana açúcar, aguardente e gêneros de subsistência na região de Valença. Nas  décadas de 1850 e 1860, já sob a administração de Manoel Pereira de Souza Barros, as fazendas se tornaram grandes produtoras de café para exportação. Desde então, a fazenda Campo Alegre foi eleita residência principal da família Souza Barros a qual manteve a Chacrinha como reserva de terras. Em 1871, o comendador Manoel Pereira de Souza Barros já possuía 150 mil pés de café e 182 escravos na fazenda Campo Alegre e 140.000 pés de café e 49 escravos na Chacrinha, sendo a última produtora também de milho, cana e aguardente para comercialização. Assim como outros grandes cafeicultores do período, Souza Barros investiu sua riqueza não só em terras e escravos, mas também em imóveis na Corte e na cidade de Valença, além de jóias, prataria e ações da companhia União Valenciana, alcançando um monte-mor 399:850$000 réis, conforme o seu inventário.

Tamanha fortuna foi herdada pelo homônimo e único filho do comendador Manoel Pereira de Souza Barros. O tenente coronel Manoel Pereira de Souza Barros, que já administrava a fazenda ao lado do pai desde os anos sessenta, expandiu os negócios comprando os sítios vizinhos de Santa Cruz, Retiro e a fazenda Nazareth, aumentando, assim, a gama de terras a serem cultivadas. Vislumbrando uma modernização do processo de escoamento da produção do Vale até a corte, Souza Barros participou da Fundação da Cia Estrada de Ferro União Valenciana e fez construir a estação de Souza Barros, depois nomeada Chacrinha, a qual parava nesta localidade e depois avançava 7 km por tração animal até a fazenda Campo Alegre. Em sua vida privada, procurava dotar sua residência do que tinha de mais moderno. A casa de morada da Campo Alegre possuía:  iluminação a gás, linha telefônica, sala de jantar com mesa de 44 lugares, sala de bilhar, piano, capela bem aparelhada e casa de banho. O prestígio social e poder local adquiridos por Souza Barros facilitaram seu acesso a capitão da Guarda Nacional, provedor da Irmandade da Santa Casa da Misericórdia, presidente da Câmara Municipal de Valença e barão de Vista Alegre. Contudo, o barão não conseguiu legar a seus filhos herdeiros uma fortuna bem estruturada como a que recebeu. Além da perda de capital gerada pelo processo de abolição da escravatura e a descapitalização sofrida com o divórcio e meação dos bens solicitados pela esposa d. Rita Arnalda Pereira de Souza Barros em 1889, o barão de Vista Alegre hipotecou a fazenda Campo Alegre, o sítio Retiro e alguns imóveis urbanos na capital como garantia para o empréstimo de 110 contos de reis com Banco da Lavoura e do Comercio do Brasil no ano seguinte. Ao falecer subitamente em janeiro de 1891, aos 42 anos, o barão deixa dívidas no valor de 500 contos de réis para um monte-mor de 630 contos de réis, fazendo com que todas as suas propriedades fossem a leilão no ano seguinte.

 Barão de Vista Alegre

 Baronesa de Vista Alegre