São Luiz Beltrão

 Na década de 1790, às margens do rio Paraíba, índios de diferentes grupos faziam incursões nos povoados vizinhos, mantendo constantes conflitos com a população que ali se instalava. Para findar a situação, foi enviado o sargento-mor Joaquim Xavier Curado para reprimir aqueles índios através da violência. Após esse episódio, apenas um grupo de índios puris, liderado pelo principal Mariquita, aceitou se aldear e escolheram permanecer em terras que habitavam anteriormente. Assim, se instalaram nas margens do ribeirão São Luiz, um afluente do rio Preto, onde receberam o padre Henrique José de Carvalho, encarregado de catequizá-los e civilizá-los. Este levantou a capela da aldeia, que teve por orago São Luiz Beltrão. No entanto, os indígenas passaram por grandes dificuldades devido à falta de rendimentos produzidos na própria aldeia, situação que possibilitou a fuga do principal Mariquita e seu irmão, levando outros índios a seguirem o mesmo caminho. Em 1791, foi realizada uma expedição nas matas vizinhas para resgatar os fugitivos e levá-los de volta para a aldeia, obtendo sucesso, inclusive no contato com Mariquita. Os índios retornaram à aldeia e passaram a vivenciar uma situação mais tranquila, até que, em meados da década de 1820, moradores vizinhos passaram a se apropriar das terras da aldeia e a estragar as suas plantações com a invasão de gado. Em 1835 consta a redução da população, sendo esse provavelmente o período em que a aldeia foi extinta.

Bibliografia

 

ALMEIDA, Maria Regina Celestino de. Metamorfoses Indígenas: identidade e cultura nas aldeias coloniais do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro, Arquivo Nacional, 2003.

 

LEMOS, Marcelo Sant’ana. O índio virou pó de café? (A resistência dos índios Coroados de Valença frente à expansão cafeeira no Vale do Paraíba. 1788-1836). Rio de Janeiro: UERJ, 2004. Dissertação de mestrado.

 

SILVA, Joaquim Norberto de Souza e Silva. “Memória Histórica e Documentada das Aldeias de Índios do Rio de Janeiro”. Revista do Instituto Histórico e Geográfico do Brasil. Rio de Janeiro.v. 62, 3ª série, n.14, 1854. p. 242-249.