1637 – 1642: Salvador Correia de Sá e Benevides

Cronologia Político-administrativa

Nascido no Rio de Janeiro, em 1594, filho de Martim de Sá, Salvador de Benevides é uma das figuras dominantes da história da cidade no século XVII. Filho de espanhola, D. Catarina Velasco, filha de D. Pedro Ugarte, governador do Chile, Salvador Benevides foi um dos numerosos fidalgos portugueses que aceitaram a união com a Espanha com indissolúvel e com dedicação serviram aos Filipes. Prestou à Corte castelhana valiosos serviços Europa, na África e na América, distinguindo-se no Peru, em Tucumã e no Paraguai Por esses serviços recebeu em recompensa, com caráter hereditário, o titulo de alcaide-mor do Rio de Janeiro e foi nomeado governador da cidade com patente de general.
Considerava a cidade como um “feudo” da família. Os seus atos eram dominados pela consideração das vantagens que para si e para os seus, deles advinham vantagens em prestígio, em autoridade, em proventos materiais. Militar notável, dotado de comprovada bravura pessoal, era hábil político. Conhecedor do poder dos jesuítas soube sempre conservá-los a seu favor numa troca de apoio recíproco. Autoritário, não hesitava em lançar mão de processos violentos, quando não conseguia os seus fins por meio de lábias e manhas, que as tinha, e grandes.
Em 1640, ocorreu a restauração de Portugal sob a dinastia de Bragança, Benevides hesitou sobre o partido a tomar, mas diante de sua ligação com os jesuítas e demais ordens e autoridades reconheceu  D. João IV como soberano, logo ganhando tanto prestigio na Corte de Lisboa, quanto possuía em Madri.
Servindo aos seus próprios interesses contribuiu para o crescimento da cidade. Além da restauração da independência de Portugal, os principais acontecimentos durante seu governo foram: intenso recrutamento de tropas, para reforço da guarnição e envio de socorros à guerra contra os holandeses em Pernambuco; a concessão aos moradores do Rio de Janeiro dos mesmos privilégios de que gozavam os cidadãos da cidade do Porto, sendo a primeira população brasileira assim distinguida; a primeira tentativa da Câmara para conseguir a medição e demarcação das terras municipais, contrariando poderosos interesses; a instituição de novos e pesados impostos contra  os quais se rebelaram a Câmara e o povo. E finalmente a denúncia que, em consequência de um inquérito mandado abrir pelo governador-geral, Antônio Teles da Silva, sabedor dos desmandos de Salvador Benevides, foi contra este encaminhada ao Conselho Ultramarino pelo provedor da Fazenda, Domingos Correia.
Em consequência desta denúncia, quando Salvador  Benevides regressou da viagem que fizera a São Vicente e São Paulo para promover a acomodação dos paulistas com os jesuítas, já encontrou nomeado o seu sucessor. Passando lhe o governo, Benevides seguiu imediatamente para Lisboa para defender-se das acusações. Durante a ausência de Salvador em São Vicente, exerceu interinamente o governo da cidade Duarte Correia Vasqueanes.

 

1640 - Motim popular contra os jesuítas espanhóis no Rio de Janeiro, por ocasião da bula papal declarando livres as índios da América.