1763 – 1767: D. Antônio Álvares da Cunha (Conde da Cunha)

Cronologia Político-administrativa

É impressionante a soma de trabalhos e serviços realizados pelo primeiro vice-rei nos quarenta e dois meses que durou o seu governo. Homem de grande energia e severidade recorreu muitas vezes a processos arbitrários e violentos que lhe suscitaram inimigos e provocaram queixas e criticas. É, porém, inegável que a cidade muito lhe ficou devendo. À sua chegada, mal  impressionado pelas condições locais, desenvolveu grande esforço para melhora-las. Foi de fato o iniciador de um exército regular, para cuja organização obteve que a Corte lhe mandasse o Tenente-General João Henrique de Bohm e o Brigadeiro Jacques Funk que haviam dado organização moderna às tropas na Metrópole. Edificou quartéis e, em terrenos cedidos pela Ordem de São Bento, levantou o Arsenal de Marinha onde mandou construir a nau São Sebastião.
Instituiu as primeiras companhias de artilheiros. Promoveu o recrutamento, para inclusão nos regimentos de linha dos desocupados que não quisessem adotar profissão e casar-se. Combateu a admissão de excessivo número de noviços nas ordens religiosas para fugir às exigências do trabalho. Atraiu para a cidade muitos moradores de melhor classe que permaneciam nos seus engenhos e fazendas, oferecendo-lhes vantagens e posições. Em um dos seus relatórios, diz, talvez com exagero, da necessidade de “reabilitar um pouco esta cidade que só tem frades, clérigos, soldados e mendigos. Os homens nobres vivem no distrito e são os que me servem. São bons vassalos. Devem vir para a cidade para educar seus filhos que, continuando em contato só pretos e índios, serão para o futuro verdadeiros régulos e feras indomáveis”.
Construiu ainda hospitais, abriu e saneou ruas, por ordem da Coroa fechou oficinas de ourives, onde se exercia o contrabando de ouro. Transferiu os paióis de pólvora, cuja permanência na cidade apresentava perigo. Mandou cobrir com lajes de pedra a Vala, que prejudicava a saúde da população, dentre outros feitos de segurança e controle da população, além das obras feitas em seu governo.
Os modos ásperos e os processos arbitrários do Conde da Cunha ficaram exemplificados em muitas anedotas que perduraram na tradição e deles se contam. Apesar da sua aspereza, porém, tronou-se benquisto da população que lhe reconhecia a intenção e o espírito de justiça. Apenas os poderosos, cujos privilégios cerceou, lhe moviam tenaz oposição e maquinavam junto à Corte para obter a sua remoção. Desgostoso com as queixas que contra ele faziam, em mais de uma ocasião o vice-rei pediu que lhe dessem substituto, escrevendo diretamente ao Rei. O que não impediu que ficasse surpreso e sentido quando, repentinamente e sem aviso, chegou ao Rio o novo vice-rei que vinha substitui-lo.

 

1765 – Criação da Junta da Justiça no Rio de Janeiro, por alvará.
1766 – Extinção do ofício de ourives e ordem para a destruição das oficinas na Bahia, Pernambuco e Rio de Janeiro.