Durante os dez anos de governo, grandes foram os serviços prestados ao Rio de Janeiro pelo Marquês de Lavradio. Como os seus predecessores, ocupou-se com os elementos de defesa da praça. Construiu as Fortalezas do Pico e do Leme e introduziu reformas e melhoramentos nas outras; ampliou os quartéis; completou a organização das tropas da guarnição iniciada pelo Conde da Cunha. Pôs cobro a abusos e desvios que ocorriam na arrecadação dos dinheiros públicos, introduzindo ordem nesse serviço. Abriu ruas, entre as quais a que até hoje guarda o nome de Lavradio; construiu chafarizes, como o da Rua da Glória. Para estimular o comércio criou uma grande feira no Largo da Glória, origem do mercado posteriormente ali construído. Para desenvolver a indústria, favoreceu a criação de uma fábrica de cordas utilizando a fibra nacional de guaxuma, em Mata-Porcos, e incentivou a cultura do anil, da cochonilha e do cânhamo. Tentou introduzir no Brasil a indústria da seda, mas não logrou êxito pela falta de pessoal apto. Antevendo as possibilidades futuras, fomentou a cultura do café, isentando do serviço militar os lavradores que a ela se dedicassem na região da Conceição do Campo Alegre da Paraíba Nova (depois vila de Resende). Um dos grandes serviços prestados à cidade pelo Marquês de Lavradio, já noutro lugar mencionado, foi a transferência para o Valongo.
Mundano e festeiro, ele contribuiu para a intensificação da vida social, estimulando e favorecendo com o seu comparecimento bailes, reuniões, protegendo o teatro, desenvolvendo as diversões públicas. Fundou uma Academia Científica para estimular o estudo das ciências naturais e dos recursos do país, tornando-os conhecidos na Europa por meio de memórias e comunicações às associações congêneres.
O extenso relatório com que o Marquês de Lavradio transferiu o governo ao seu sucessor é um valioso documento, não só sob o ponto de vista histórico, como revelador de um espírito culto e bem-avisado, com uma visão nítida e realista da situação e dos problemas do Brasil na época.